Pacheco Pereira tem meia razão: Cavaco tem de falar. Mas só tem meia, porque Cavaco já falou.
Primeiro, ainda em Agosto, falou quando se manteve calado, não desmentindo as suspeitas de que a Presidência estaria a ser vigiada. Não desmentindo, confirmou.
Depois, disse que depois das eleições iria pedir esclarecimentos sobre questões de "segurança". Todos o percebemos o que dizia. Portanto, falou.
Falou apenas o suficiente para manter a suspeição, não para a esclarecer. E, soubemos entretanto, esta suspeição que não quis esclarecer e que preferiu alimentar teve origem na própria Presidência.
Então, do que é que Cavaco ainda não falou? Das suas motivações.
Terá sido por se achar mesmo vigiado? Mas nesse caso não faria mais sentido exigir uma investigação (aos militares sob sua alçada, por exemplo) do que tentar plantar uma notícia sobre o assunto?
Terá sido para fragilizar o governo? Não sei, mas a forma como agiu parece indicar nesse sentido.
Fico à espera de que fale. Se não falar, esperarei que se demita.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Não descartaria a possibilidade de haver realmente escutas ao mais alto nível, mas considerado o âmbito do processo BPN. É uma diligência de investigação equacionável e que semeará de pesadelos as noites do prof. Cavaco.
ResponderEliminarAliás terá sido o fim do "estado de graça" do actual mandato presidencial e, em meu entender, tem abalado física e intelectualmente a saúde do presidente.
É bem visível que o homem nunca mais foi o mesmo e a debilitação crescente não augura nada de bom, até tendo em conta a importância que o estado de saúde presidencial assume nos regimes republicanos.
A assumpção de qua a "paranóia presidencial com as escutas" possa ser vista neste prosaico enquadramento não me parece desprezável.
...Ou sou eu que ando a ver muitos filmes...
Abraço ao amigo
Claro que pode havido mesmo escutas, isso para já não sabemos.
ResponderEliminarO que sabemos é que, com ou sem suspeitas legítimas, a Presidência optou por plantar uma notícia nos jornais, em vez de mandar averiguar se existiam ou não e, a existirem, se elas eram legítimas.
Não! O senhor Cavaco (neste episódio, continuo a recusar a referir-me a ele como titular daquele órgão de soberania) preferiu mandar o Lima falar com um jornalista amigo.
Já passaram as legislativas e eu continuo a dizer: estou à espera que ele se explique; se não se explicar, esperarei que se demita.