(Artigo de opinião escrito por HB antes das eleições, mas só publicado no Diário de Notícias após as mesmas - no dia 3 de Outubro).
Ao longo da curta história da democracia portuguesa fomo-nos habituando a ver o espaço político da esquerda ser disputado por numerosos partidos. Além do PS e do PCP (coligado com Os Verdes), encontrávamos um grande número de pequenos partidos. Como é conhecido, há dez anos, a fusão da UDP com o PSR e a Política XXI deu origem ao BE, corolário de uma reorganização da esquerda que tinha já levado ao desaparecimento da maioria dos pequenos partidos surgidos após o 25 de Abril.
Por outro lado, a direita surgia sempre agregada em torno dos seus dois principais partidos, ainda que episodicamente surgissem candidaturas autónomas do PPM, MPT ou outros, mas que, ao contrário do que sucedia à esquerda, não conseguiam afirmar claramente o seu espaço ideológico, que era absorvido ora pelo PSD ora pelo CDS.
Assim, durante muitos anos, tirando o aparecimento de um partido de extrema-direita (o PNR) e de um outro resultante do melindre de Manuel Monteiro com o seu antigo amigo Paulo Portas (o PND), nada de novo parecia acontecer na direita portuguesa. A hegemonia ideológica dos seus dois maiores partidos, em que o CDS fixava o eleitorado mais conservador e o PSD abarcava tendências sociais-democratas, liberais e conservadoras, não deixava espaço para surgirem mais partidos.
Porém, a partir dos governos de Durão Barroso e Santana Lopes começaram a esboçar-se factores que propiciaram o aparecimento de novos partidos.
Em termos ideológicos, a coligação do PSD com o CDS iniciou a aproximação entre estes. Apesar de a tendência ter sido interrompida durante a liderança de Marques Mendes, a actual direcção do PSD veio reafirmá-la. Manuela Ferreira Leite imprimiu ao partido uma orientação mais conservadora, levando a que os sectores social-democrata e liberal se sentissem pouco identificados com as suas posições.
Em termos de organização e mobilização, a campanha pelo “não” no referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez funcionou como elemento catalizador, pois muitas das pessoas que participaram nessa campanha sentiram vontade de manter a sua participação cívica mas não se identificavam com o PSD nem com o CDS.
Surgem então três novos partidos a disputar os votos da direita, o Movimento Esperança Portugal (MEP), o Movimento Mérito e Sociedade (MMS) e o Portugal Pró Vida (PPV), cada um deles correspondendo a um espaço ideológico que o PSD e o CDS deixaram vago quando se aproximaram ideologicamente.
O MEP apresenta-se ao eleitorado com um discurso que conjuga uma perspectiva de intervenção social-democrata com uma visão democrata-cristã da sociedade (que era o posicionamento ideológico do CDS até ao início dos anos 90). Com fortes possibilidades de eleger deputados nestas eleições, passará a representar uma linha política que estava desaparecida do espectro partidário desde que Manuela Ferreira Leite se tornou líder do PSD e impôs uma orientação política mais conservadora, a social-democracia de direita, o que lhe confere um bom espaço de crescimento futuro.
O MMS propõe algumas medidas de orientação liberal e outras de cariz social-democrata. Disputa os eleitores que se identificariam mais com um PSD liderado por Pedro Passos Coelho do que por Manuela Ferreira Leite. Independentemente do resultado que obtiver nestas eleições, poderá tornar-se a voz das correntes liberais na sociedade portuguesa.
O PPV representa a direita católica mais conservadora. Apresentando-se a estas eleições como um partido quase “monotemático”, concentrado no combate à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, não deverá conseguir captar muitos eleitores. Mas evidencia que existe um espaço político por preencher à direita do CDS.
A criação destes partidos não é circunstancial. É uma consequência do afunilamento ideológico que marcou a direita nos últimos anos, sobretudo o PSD. Este tornou-se um partido menos plural e os cidadãos encontraram formas de restabelecer o pluralismo político – criaram novos partidos que os representassem.
7 de outubro de 2009
2 de outubro de 2009
Patologia ou demagogia?
Alguém faz o favor de chamar Santana Lopes à realidade? É que já nos bastavam os delírios persecutórios de Cavaco, para agora termos de assistir aos delírios de omnipotência de Santana. Ou então está mesmo confuso e julga que está a concorrer para Primeiro Ministro.
O cartaz em que nos aparece a dizer "Comigo o aeroporto fica em Lisboa" só pode ter uma de duas leituras:
Se ele segue a óptica de Manuele Ferreira Leite de só prometer o que sabe que pode cumprir, então o caso é patológico, porque está a delirar (pois não pode ser ignorância sobre as funções do cargo de Presidente de Câmara, pois já ocupou o lugar).
Mas, a bem da sua saúde, talvez o caso não seja esse; talvez saiba bem que mesmo que seja eleito nunca poderá assegurar essa promessa. Ainda bem para ele que os cartazes da Manuela Ferreira Leite já foram quase todos retirados - acho que a fotografia dela ia ficar mais rosada, de vergonha.
O cartaz em que nos aparece a dizer "Comigo o aeroporto fica em Lisboa" só pode ter uma de duas leituras:
Se ele segue a óptica de Manuele Ferreira Leite de só prometer o que sabe que pode cumprir, então o caso é patológico, porque está a delirar (pois não pode ser ignorância sobre as funções do cargo de Presidente de Câmara, pois já ocupou o lugar).
Mas, a bem da sua saúde, talvez o caso não seja esse; talvez saiba bem que mesmo que seja eleito nunca poderá assegurar essa promessa. Ainda bem para ele que os cartazes da Manuela Ferreira Leite já foram quase todos retirados - acho que a fotografia dela ia ficar mais rosada, de vergonha.
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