O PS cometeu dois erros nesta polémica, ambos com benefícios eleitorais para o PSD:
1) ter feito a acusação de que assessores da Presidência estavam a colaborar na elaboração do programa do PSD;
2) ter-se deixado arrastar para uma discussão sobre se os assessors estão ou não a ser vigiados, exigindo que Cavaco se pronuncie sobre o assunto.
O primeiro erro foi tentar associar a Presidência da República à campanha do PSD.
A associação do PSD à Presidência pode levar alguns eleitores do centro (que votaram em Cavaco nas eleições presidenciais) a pensar que o PSD não está tão descridibilizado como parece, pois até tem o apoio da equipa de Belém e talvez do próprio Presidente. Talvez considerassem abster-se, ou até votar num outro partido (CDS, PS ou até no MEP), mas poderão pensar que se o Cavaco apoia o PSD é porque essa é a melhor escolha.
A associação Cavaco-PSD é uma estratégia que poderá (e deverá) ser utilizada nas eleições presidenciais, pois é negativa para Cavaco Silva, mas para o PSD de Manuela Ferreira Leite é uma boa ajuda.
O segundo erro é persistir na polémica com a Presidência, dando a ideia de que esta está meesmo em guerra com o Governo. Mais uma vez, prejudica Cavaco, mas beneficia o PSD.
Sócrates esteve bem, a desvalorizar a polémica como uma brincadeira de Verão, mas alguns correligionários não foram capazes de se conter. O PSD agradece.
20 de agosto de 2009
17 de agosto de 2009
Tropas para o Afeganistão
Parece que no Afeganistão, local onde dezenas de milhares de tropas ocidentais lutam contra os Taliban, apoiando o regime do Presidente Hamid Karzai, foi aprovada uma Lei do Estatuto Pessoal Xiita.
Pensava que os países ocidentais apoiavam o governo de Karzai na luta contra a barbárie, mas a aprovação desta lei deixou-me mais esclarecido. O que apoiam é um regime que condescende com a barbárie e luta contra uma barbária ainda pior.
Certamente que era muito pior a vida sob o regime Taliban, mas isso não pode ser pretexto para o governo vender os direitos das mulhers para tentar conquistar alguns votos entre a população xiita, nas eleições que se avizinham.
Agora as mulheres xiitas têm de pedir autorização ao marido para trabalhar, marido esse que pode retirar todo o apoio à mulher, incluindo a alimentação, se esta se recusar a obedecr aos seus pedidos sexuais.
A mim soa-me a escravatura sexual, mas como Portugal também lá tem tropas parece que é melhor não dizer nada.
Pensava que os países ocidentais apoiavam o governo de Karzai na luta contra a barbárie, mas a aprovação desta lei deixou-me mais esclarecido. O que apoiam é um regime que condescende com a barbárie e luta contra uma barbária ainda pior.
Certamente que era muito pior a vida sob o regime Taliban, mas isso não pode ser pretexto para o governo vender os direitos das mulhers para tentar conquistar alguns votos entre a população xiita, nas eleições que se avizinham.
Agora as mulheres xiitas têm de pedir autorização ao marido para trabalhar, marido esse que pode retirar todo o apoio à mulher, incluindo a alimentação, se esta se recusar a obedecr aos seus pedidos sexuais.
A mim soa-me a escravatura sexual, mas como Portugal também lá tem tropas parece que é melhor não dizer nada.
12 de agosto de 2009
Os moços fizeram um 31
Convenhamos, a coisa até teve piada. Foi um acto subversivo feito com inteligência e humor.
Ainda bem que não vivemos numa monarquia, senão os rapazes ainda passavam uns bons anos na prisão, que as monarquias costumam ser muito sequiosas dos seus símbolos.
Acho que têm pouco sentido de humor...
Felizmente para nós, a causa monárquica portuguesa tem muito mais piada.
Entre um pretendente ao trono que é uma piada viva e um partido monárquico cujo presidente... "Presidente"? Mas o partido monárquico é chefiado por um "presidente"? Ficava-lhe melhor um rei!
Enfim, o "presidente" do tal partido monárquico diz que o pretendente ao trono é um usurpador, o seu primo é que devia ser rei.
Talvez a disputa se pudesse resolver num duelo, com espadas de pau para não se magoarem. Seria um duelo só a brincar, como esta história de restaurar a monarquia.
Ainda bem que não vivemos numa monarquia, senão os rapazes ainda passavam uns bons anos na prisão, que as monarquias costumam ser muito sequiosas dos seus símbolos.
Acho que têm pouco sentido de humor...
Felizmente para nós, a causa monárquica portuguesa tem muito mais piada.
Entre um pretendente ao trono que é uma piada viva e um partido monárquico cujo presidente... "Presidente"? Mas o partido monárquico é chefiado por um "presidente"? Ficava-lhe melhor um rei!
Enfim, o "presidente" do tal partido monárquico diz que o pretendente ao trono é um usurpador, o seu primo é que devia ser rei.
Talvez a disputa se pudesse resolver num duelo, com espadas de pau para não se magoarem. Seria um duelo só a brincar, como esta história de restaurar a monarquia.
4 de agosto de 2009
Ouviram os portugueses?
Os cartazes do PSD com o tema "Ouvimos os portugueses" são uma de duas coisas: a demonstração do vazio político em que se encontra o PSD ou a confissão de que habitualmente os seus procedimentos são tudo menos correctos.
A minha memória reteve três frases: "Prometam só o que podem cumprir" (que pretende justificar o atraso no programa eleitoral e a ausência de propostas concretas), "Façam política com as pessoas" e "Olhem por quem mais precisa".
A primeira hipótese, a de que os cartazes demonstram o vazio político, deve-se ao facto de as frases nada dizerem. As mensagens são absolutamente óbvias e banais, pois podiam ser ditas por qualquer político, de esquerda ou de direita, pois são aspirações gerais.
A questão prende-se em como concretizar essas aspirações gerais, como é que se vai dar resposta a pedidos como "Olhem por quem mais precisa". Isso o PSD omite. Mas Manuela Ferreira Leite já nos esclareceu na sua crónica do Expresso de 11 de Julho, intitulada "Caridade na Verdade", em que elogiando o Papa, fala de "um apelo à humanidade para mudar de caminho, baseado na caridade, na verdade, como forma de atingir metas ao alcance dos homens." Pois bem, o PSD vai olhar para quem mais precisa através da caridade.
A segunda hipótese, a de que o PSD está a confessar que as suas práticas habituais são condenáveis torna-se evidente quando se questiona porque é que essas frases parecem ter algum conteúdo para o PSD: só se antes não faziam as coisas assim.
"Prometam só o que podem cumprir". Porquê? Antes prometiam coisas que sabiam que não cumpririam? "Façam política com as pessoas". Porquê? Antes não o faziam?
A minha memória reteve três frases: "Prometam só o que podem cumprir" (que pretende justificar o atraso no programa eleitoral e a ausência de propostas concretas), "Façam política com as pessoas" e "Olhem por quem mais precisa".
A primeira hipótese, a de que os cartazes demonstram o vazio político, deve-se ao facto de as frases nada dizerem. As mensagens são absolutamente óbvias e banais, pois podiam ser ditas por qualquer político, de esquerda ou de direita, pois são aspirações gerais.
A questão prende-se em como concretizar essas aspirações gerais, como é que se vai dar resposta a pedidos como "Olhem por quem mais precisa". Isso o PSD omite. Mas Manuela Ferreira Leite já nos esclareceu na sua crónica do Expresso de 11 de Julho, intitulada "Caridade na Verdade", em que elogiando o Papa, fala de "um apelo à humanidade para mudar de caminho, baseado na caridade, na verdade, como forma de atingir metas ao alcance dos homens." Pois bem, o PSD vai olhar para quem mais precisa através da caridade.
A segunda hipótese, a de que o PSD está a confessar que as suas práticas habituais são condenáveis torna-se evidente quando se questiona porque é que essas frases parecem ter algum conteúdo para o PSD: só se antes não faziam as coisas assim.
"Prometam só o que podem cumprir". Porquê? Antes prometiam coisas que sabiam que não cumpririam? "Façam política com as pessoas". Porquê? Antes não o faziam?
3 de agosto de 2009
Sondagem - Esquerda com mais de 50%, mas PSD pode ganhar
As esquerdas têm muito que as divide, mas têm em comum o mais importante: os valores fundamentais.
A ideia de que existe uma responsabilidade colectiva dos cidadãos, da sociedade, perante os restantes cidadãos é a linha divisória que distingue a direita da esquerda.
É isso que faz com que a esquerda defenda o estado social, que é, afinal, a forma de colectivamente nos responsabilizarmos pelo destino de todos. É o princípio da solidariedade.
É por não partilhar deste valor que Manuela Ferreira Leite defende que deve existir mais caridade na sociedade. A caridade é um acto de generosidade (apesar de muitas vezes não passar de um acto de alívio da consciência), não de responsabilidade.
O que distingue os partidos de esquerda são diferentes visões acerca do grau até onde vai essa responsabilidade e as formas de a concretizar.
PS, BE e PCP, apesar das divergências, fazem parte do mesmo campo.
Isto deveria tornar possível a criação de entendimentos à esquerda e é incompreensível a incapacidade de se chegar a situações de compromisso em que todos cedam um pouco. O exemplo da Câmara de Lisboa, que Santana Lopes pode ganhar, é paradigmático.
Mas esses acordos têm de ser pós eleitorais. Antes o PS tem de conseguir mais votos do que o PSD.
Mas não é atacando o BE ou o PCP que o vai conseguir, é afirmando os seus valores de esquerda, única forma de recuperar muitos potenciais abstencionistas e também alguns eleitores que, apesar de ideologicamente mais próximos do PS, poderão votar no BE com a ideia de que este poderá influenciar o próximo governo do PS, empurrando-o para a esquerda.
A ideia de que existe uma responsabilidade colectiva dos cidadãos, da sociedade, perante os restantes cidadãos é a linha divisória que distingue a direita da esquerda.
É isso que faz com que a esquerda defenda o estado social, que é, afinal, a forma de colectivamente nos responsabilizarmos pelo destino de todos. É o princípio da solidariedade.
É por não partilhar deste valor que Manuela Ferreira Leite defende que deve existir mais caridade na sociedade. A caridade é um acto de generosidade (apesar de muitas vezes não passar de um acto de alívio da consciência), não de responsabilidade.
O que distingue os partidos de esquerda são diferentes visões acerca do grau até onde vai essa responsabilidade e as formas de a concretizar.
PS, BE e PCP, apesar das divergências, fazem parte do mesmo campo.
Isto deveria tornar possível a criação de entendimentos à esquerda e é incompreensível a incapacidade de se chegar a situações de compromisso em que todos cedam um pouco. O exemplo da Câmara de Lisboa, que Santana Lopes pode ganhar, é paradigmático.
Mas esses acordos têm de ser pós eleitorais. Antes o PS tem de conseguir mais votos do que o PSD.
Mas não é atacando o BE ou o PCP que o vai conseguir, é afirmando os seus valores de esquerda, única forma de recuperar muitos potenciais abstencionistas e também alguns eleitores que, apesar de ideologicamente mais próximos do PS, poderão votar no BE com a ideia de que este poderá influenciar o próximo governo do PS, empurrando-o para a esquerda.
1 de agosto de 2009
Poderia o Ministério da Educação ser diferente?
Um texto recente, da autoria de Helena Damião, Pedagoga, sustenta que o Ministério da Educação não podia ser diferente, porque é politicamente incorrecto defender as ideias para a educação que realmente deveriam ser implementadas. E como o que acontece com todos os políticos é quererem apenas conquistar o poder, não fazem o que devem, mas o que o povo quer ouvir.
Estou em total desacordo. Claro que o Ministério da Educação poderia ser diferente. Para melhor e para pior. É tudo assim na vida.
A ideia de que todos os políticos fazem o mesmo, que tentam esconder a verdade e que o seu único interesse é manter o seu poder é fácil de defender, mas é absolutamente populista.
Antes de mais é uma generalização que, como todas, é injusta. O politicamente correcto impede-nos de dizer que "todos os ciganos são..." ou "todos os funcionários públicos são...", mas parece que já fica bem dizer "todos os políticos são...".
É também uma ideia completamente anti-democrática. Se os políticos são todos maus, qual será a melhor forma de governo?
Um governo de especialistas, presume-se do texto. Pois se a educação deve ser deixada aos professores, que são os especialistas, e "por princípio, os encarregados de educação e pais não se devem pronunciar em matéria de ensino formal", também a justiça deve ser apenas gerida apenas por magistrados e a agricultura por agricultores.
Não! A educação, a justiça, a agricultura e todas as outras funções do estado devem ser sujeitas ao processo democrático. A sociedade deve escolher o seu futuro e a democracia (que implica a existência de políticos) é a melhor forma de o fazer. Ou, como dizia o Sérgio Godinho, "é o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros".
Estou em total desacordo. Claro que o Ministério da Educação poderia ser diferente. Para melhor e para pior. É tudo assim na vida.
A ideia de que todos os políticos fazem o mesmo, que tentam esconder a verdade e que o seu único interesse é manter o seu poder é fácil de defender, mas é absolutamente populista.
Antes de mais é uma generalização que, como todas, é injusta. O politicamente correcto impede-nos de dizer que "todos os ciganos são..." ou "todos os funcionários públicos são...", mas parece que já fica bem dizer "todos os políticos são...".
É também uma ideia completamente anti-democrática. Se os políticos são todos maus, qual será a melhor forma de governo?
Um governo de especialistas, presume-se do texto. Pois se a educação deve ser deixada aos professores, que são os especialistas, e "por princípio, os encarregados de educação e pais não se devem pronunciar em matéria de ensino formal", também a justiça deve ser apenas gerida apenas por magistrados e a agricultura por agricultores.
Não! A educação, a justiça, a agricultura e todas as outras funções do estado devem ser sujeitas ao processo democrático. A sociedade deve escolher o seu futuro e a democracia (que implica a existência de políticos) é a melhor forma de o fazer. Ou, como dizia o Sérgio Godinho, "é o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros".
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