Quando soube que Cavaco Silva tinha convidado o Papa para vir a Portugal achei que isso pouco tinha a ver comigo. Tratava-se de uma visita oficial, é certo, pelo que envolvia o Estado português e, como cidadão, alguma coisa tinha a ver comigo. Mas só por essa via.
Entretanto, o governo decidiu que o assunto tinha muito mais a ver comigo. Declarou tolerância de ponto para a função pública.
Ou seja, decidiu que devido à visita do Papa os funcionários públicos não precisam de ir trabalhar. E, assim, aquilo que só remotamente me envolvia, pois não pretendia ir a Fátima nem a nenhuma das missas em Lisboa ou Porto, passou a ser um assunto meu.
Todos os serviços públicos estarão fechados ou a funcionar à mínima. E parece-me que não vale a pena dizer que a mim têm de me atender, que eu sou ateu.
10 de maio de 2010
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